terça-feira, 24 de agosto de 2010


Uma gota de suor escorreu pelo meu rosto.
Eu a limpei com a palma da minha mão.
Eu estava suando como um porco, e eu ainda sentia frio.
Medo,mas não do bicho-papão,e sim do que eu estava prestes a fazer.
Se fosse um músculo, eu poderia movê-lo.
Se fosse um pensamento, eu poderia pensar.
Se fosse uma palavra mágica, eu poderia dizer. Não é nada assim. É como a minha pele fica fria,mesmo sob a roupa. Eu posso sentir todas as terminações nervosas nuas ao vento. E mesmo nesta quente, suada noite de Agosto, senti minha pele fria. É quase como um minúsculo, frio vento emanando da minha pele. Mas não é o vento, ninguém mais pode sentir isso. Isso não explode através de uma sala como um filme de terror de Hollywood.

Não é chamativo. É tranqüilo. Privado.

Meu!.

terça-feira, 10 de agosto de 2010


Dar um soco nas fuças de alguém tem muito valor terapêutico. Em especial para alguém que, como eu, pode estar sofrendo. Porque era
isso que eu estava, claro.SOFRENDO
Só que - e não sei se isso se aplica a todos ou só a mim -
realmente não sofro como uma pessoa normal.
Quero dizer, eu fiquei sentada abrindo o
berreiro depois que percebi que nunca mais iria vê-lo.
Mas então uma coisa aconteceu. Parei de me sentir triste e comecei a ficar
furiosa.
Furiosa de verdade. Ali estava eu, já passava da meia -noite, e me sentia
extremamente furiosa.
Não que não quisesse manter a promessa
Queria sim. Mas simplesmente não podia...

domingo, 8 de agosto de 2010


Embora eu saiba que, mesmo em segredo, a liberdade não resolve a culpa. Mas é preciso ser maior que a culpa. A minha ínfima parte divina é maior que a minha culpa humana. O Deus é maior que minha culpa essencial. Então prefiro o Deus, à minha culpa. Não para me desculpar e para fugir mas porque a culpa me amesquinha.
Eu já não queria fazer nada pela barata. Estava me libertando de minha moralidade - embora isso me desse medo, curiosidade e fascínio; e muito medo. Não vou fazer nada por ti, também eu ando de rojo. Não vou fazer nada por ti porque não sei mais o sentido de amor como antes eu pensava que sabia. Também do que eu pensava sobre amor, também disso estou me despedindo, já quase não sei mais o que é, já não me lembro.
Talvez eu ache um outro nome, tão mais cruel a princípio, e tão mais ele-mesmo. Ou talvez não ache. Amor é quando não se dá nome à identidade das coisas?
Mas agora sei de algo horrível: sei o que é precisar, precisar, precisar. E é um precisar novo, num plano que só posso chamar de neutro e terrível. É um precisar sem nenhuma piedade pelo meu precisar e sem piedade pelo precisar da barata. Estava sentada, quieta, suando, exatamente como agora - e vejo que há alguma coisa mais séria e mais fatal e mais núcleo do que tudo o que eu costumava chamar por nomes. Eu, que chamava de amor a minha esperança de amor.
Mas agora, é nesta atualidade neutra da natureza e da barata e do sono vivo de meu corpo, que eu quero saber o amor. E quero saber se a esperança era uma contemporização com o impossível. Ou se era um adiamento do que é possível já - e que eu só não tenho por medo. Quero o tempo presente que não tem promessa, que é, que está sendo. Este é o núcleo do que eu quero e temo. Este é o núcleo que eu jamais quis.
A barata me tocava toda com seu olhar negro, facetado, brilhante e neutro.

 
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